segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

AS CARTAS DE UM PRACINHA DA FEB



            O Terceiro Sargento da Força Expedicionária Brasileira, Imero Machado de Amarante, tinha uma letrinha perfeita para a leitura de suas cartas. Fazia também render cada cantinho do papel da missiva, comprimindo milimetricamente o texto, de modo que pudesse escrever o máximo de palavras por centímetro quadrado. E isso foi ótimo, porque suas cartas nos revelam bastante do que foi a vida de um combatente brasileiro em solo italiano, e não só : também do que foi a vida dos familiares que aqui no Brasil ficaram. As correspondências em papel carta e cartões postais  contém detalhes saborosos sobre dinheiro, soldo, os jornais, as demoras para receber as cartas e os pacotes do Brasil, o clima, as dificuldades da luta, o inimigo...  Mas vejam, este soldado jamais se queixa, e mostra para aqueles que costumam tripudiar sobre a situação da tropa - a exemplo de um certo cineasta detestável com seu filme nefando - que as coisas iam bem, estavam bem agasalhados, e comiam frango e ovos... Um testemunho formidável esse que com alegria resgato hoje do esquecimento.  Boa viagem ao passado e à vida de um soldado brasileiro na Itália. Lembro que é necessária a citação da fonte, caso reproduzam este material.

         O SARGENTO AMARANTE ENTRE DOIS COLEGAS     


A COLEÇÃO DE CARTAS DO SARGENTO AMARANTE, EM ORDEM CRONOLÓGICA

notícias de Laguna (SC), onde como cabo treinava no 1 Re A.Mx


Em outubro de 1943 estava no curso de sargento em Castro, cidade que ele achava não ser "grande coisa".  

Pelo visto Lages e Laguna em SC eram cidades avançadas, já que para ele Ponta Grossa era "uma cidadezinha mais ou menos' em 1943...


agora como sargento, em Pindamonhangaba (SP), já prenuncia a ida para a guerra, pois revela que irá para o Rio de Janeiro


NESTA CARTA, AMARANTE REVELA QUE IRÁ PARA A EUROPA. 


ele revela detalhes de como seriam repartidos os seus soldos  



nessa carta à sua mãe, novamente ele fala na passagem por Castro e revela que ali é "mil vezes melhor que Castro... crença não existe e a instrução é boa".  Que seria esse problema com "crença" que ele menciona ?  



muito amoroso com sua irmã, manda-lhe um relógio de presente. Revela que tem preferência por são Paulo, em vez do Rio de Janeiro, vejam vocês... 



AS CARTAS DA ITÁLIA


revela preocupação com o soldo, se seu pai está recebendo a parte dele, fala da miséria do povo italiano e mostra um moral muito alto.   





essa carta é bem reveladora, fala da alimentação, queixa-se da censura, dos censores que ficam na retaguarda e nunca viram a explosão de uma bomba tedesca...  Mas o moral é bem alto.    






novas queixas dos censores, mas uma nota divertida sobre as garotas italianas (ele deixou uma namorada no Brasil, em Laguna, que ele carinhosamente chama de "síria"...

AS ITALIANAS E SEU CARINHO COM OS BRASILEIROS





"A Imero, un caro ricordo, Giuseppina Jerlini"



um dos cartões da FEB - você abria a folha de rosto e escrevia a mensagem na segunda folha (veja abaixo)



notícias detalhadas sobre dinheiro e sobre seus homens (ele comandava um grupo de artilharia com dez homens)

interessante ele revelar detalhes das batalhas






aqui ele se revela católico, o que me faz novamente pensar sobre o que o teria perturbado em Castro, em 1943...(veja a carta aí atrás).

a primeira notícia depois do término da guerra
  

na expectativa do retorno






este deve ser o pelotão de nosso herói da artilharia, os seus dez homens.




E ASSIM TERMINAMOS ESSA VIAGEM .  AGRADEÇO POR QUALQUER NOTÍCIA OU INFORMAÇÃO QUE POSSAM ME FORNECER SOBRE OS  FATOS AQUI DOCUMENTADOS.




Paulo José da Costa
compra e recebe doações de acervos de postais e fotos antigas, inclusive álbuns de família
para arquivo particular
Proteja a memória, ensine as crianças a amar as fotografias. 
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paulodafigaro@hotmail.com
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7 comentários:

  1. Fantástico, me diga quem é o cineasta ridículo, por favor. Pois te ajudarei !!!!

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    1. ah, não posso citar... mas não é possível, você deve saber, veja no google o cineasta que fez um filme super polêmico sobre os pracinhas na Itália... abraço.

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    2. Parabéns Paulo José pelo seu Fantástico Documentário. Curitiba, 06.03.2016

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  2. Que MARAVILHA, obrigado por compartilhar essas reliquias dos nossos valorosos soldados expedicionário, também tive um irmao militar que faleceu no auge de sua juventude, essas carta me troxe a lembrança dos tempos de quarteis.

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  3. Oi Paulo José. Li e reli! Meu pai Dagoberto Koenig, foi 3 Sargento do 6 RI na II Guerra, Seção de Morteiro aos comandos do Tenente Ênio de Lima. Tenho vários materiais dele, inclusive 9 cartas de próprio punho, um álbum de fotografia da guerra. E é impressionante como ainda se ouve falar de pessoas "sem noção" que nunca defenderam a pátria e que ousam duvidar do que foi para os nossos soldados. Um dia conversaremos mais sobre a história e o que sei dela. Abraços e obrigada.

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